O Samba de Gafieira

Samba no pé, Samba de Gafieira, Samba Europeu … tem diferença?

O samba é a paixão nacional do brasileiro e um dos ícones da cultura popular do Brasil. Em 2005, o samba de roda da Bahia foi merecidamente reconhecido ao receber o título concedido pela UNESCO de Patrimônio imaterial da Humanidade. O samba é originário do nosso país e exclusivamente brasileiro. Ele é encontrado de norte a sul e assim como a nossa língua, o português, assume diferentes formas em cada parte do Brasil, na maneira de cantar, nas letras, no jeito de dançar, mas sem perder seus traços característicos, o que agrega ainda mais diversidade a esse símbolo nacional.

Quando se fala de samba, para muitos a ideia que vem primeiro a mente é a do samba como música e quando falamos em dança pensa-se logo no carnaval e no samba no pé. Mas existe também o especialíssimo samba de gafieira. O samba de gafieira é um gênero musical e uma dança. Diferente do famoso samba no pé, o samba de gafieira é dançado a dois e faz parte dos estilos de dança de salão brasileiros. Aqui na Europa dança-se samba nas academias de dança e em competições, entretanto não existe qualquer similaridade com o samba de gafieira do Brasil.

Acredita-se que o Samba de Gafieira tenha se surgido de ritmos de origem africana como o batuque e o lundu. Pensa-se que o nome “Samba de Gafieira” refere-se ao lugar onde, em meados do século XX, era comum dançar esse ritmo. Instrumentos de cordas (violão e cavaquinho) e instrumentos de percussão dão vida ao samba de gafieira que também foi influenciado, após a Segunda Guerra Mundial, pelas orquestras americanas, incorporando instrumentos em alta na época, como trompetes e trombones. O Choro também teve sua contribuição, adicionando a clarineta e a flauta à gafieira. A dança que no seu início era mal vista, evoluiu e se modificou com o passar do tempo. É atualmente considerada uma dança elegante, mas que entretanto manteve a malandragem do cavelheiro e a sensualidade da dama, características essenciais desse estilo e o que torna um casal dançando samba de gafieira impossível de parar de olhar, despertando nos expectadores de todas as idades uma inevitável vontade de  aprender a dançar e fazer parte.

A origem do samba e do Samba de Gafieira

O batuque africano, dança africana, que era dançada na Bahia em filas ou rodas acompanhado de palmas é considerada a raíz do samba. Em 1888, com a abolição da escravidão e com a instituição da República em 1889, houve uma grande migração de negros, então livres da Bahia para a capital da República, o Rio de Janeiro, em busca de trabalho e oportunidades. Esses novos integrantes e sua rica base africana começaram a  influenciar a cultura popular carioca. Os recém chegados se instalaram principalmente nos bairros cariocas da Gamboa e da Saúde e comecaram a propagar o samba como um ritmo urbano. O samba então nasceu e se desenvolveu no Rio de Janeiro durante as primeiras décadas do século XX e a dança que acompanhava os versos e refrões foi sendo moldada. Os gêneros que já faziam parte da cidade como o Maxixe, Xote, Polca e Lundu, foram integrados a essa dança. Foi mais precisamente a partir da década de 40 e ao longo da década de 50 que o samba passou a sofrer as influências de ritmos americanos e latinos. O estilo musical se difundiu pelo país, estimulado pela política nacionalista de Getúlio Vargas, nos anos 1930. Daí surgiu o samba de gafieira, que é a forma de tocar o samba com instrumentos de orquestras americanas e que mostrou ser o ritmo perfeito para ser dançado a dois pelos salões.

No início do século XX, as camadas mais baixas da sociedade carioca, constituida majoritariamente de negros, não tinha permissão para frequentar os “bailes dos brancos”. Impedidos de se divertir nesses ambientes barrados pelo preconceito racial, os crioulos e mestiços, como eram denominados na época, criaram seus próprios bailes, levando ao surgimento das gafieiras no Rio de Janeiro. O Samba de Gafieira não era aceito pela sociedade, pois, como se dizia, não correspondia à moral e aos bons costumes da época. Era (e ainda é ) uma dança que ressaltava a sensualidade da mulher e a malandragem do homem. A preocupação com a imagem e a posicão social fez com que os dirigentes das gafieiras usassem de extrema rigidez para que a ordem e a etiqueta fossem atentadas e cumpridas, numa tentativa de trazer para esses locais o sentimento de respeitabilidade e assim a possibilidade de ascender dentro da sociedade. As normas de conduta eram de fato respeitadas nas gafieiras. Essas famosas e rígidas regras foram descritas pelo compositor Billy Blanco na música, o „Estatuto da Gafieira“. As gafieiras eram então um baile popular, de entrada paga e frequentado por pessoas de baixo poder aquisitivo que por volta de 1930 começaram a despertar o interesse da classe mais abastada. Acredita-se que o cenário só começou a mudar de fato nos anos 1930 quando, estimulado pela política nacionalista de Getúlio Vargas, o samba tornou-se símbolo da nacionalidade. O carnaval e as escolas de samba foram incentivados  e o samba alcançou as rádios. Nos anos 1940, o samba ganha notoriedade internacional e passa de manifestação popular inferior e reprovável para símbolo da miscigenação e brasilidade. Entre os anos 1940 e 1960, os salões de gafieira eram ainda lugares onde apenas a população de baixa renda, constituida em sua maior parte por negros, se divertia a noite. Foi a partir nos anos 60 que os bailes passaram a ser frequentados por todas as classes sociais. A dança deixou de ser vista com preconceito e passou a ser considerada um ritmo elegante e que exige bastante técnica dos dançarinos.

Colonialismo, racismo e a samba

O samba. Ritmo forte, vibrante, magnético e de origem africana. Como qualquer outra manifestação cultural africana, negra, o samba também foi tratado com preconceito e a desqualificação. E foi criminalizado. O mesmo ocorreu com a capoeira e o candomblé e com o samba não poderia ter sido de outra forma. Durante as primeiras décadas do século XX, o samba era considerado música vulgar, primitiva. Os batuques foram associados a eventos onde ocorriam brigas e quebra-quebra e seus participantes eram perseguidos pela polícia e intolerados pelas autoridades. Isso era nada menos que a classe abastada e dominante tentando conter as expressões da cultura negra pois temiam que isso pudesse colocar em risco seus interesses econômicos e sociais. Assim como os negros eram tidos como seres inferiores aos brancos, práticas de tradições africanas e tudo mais que se originava da cultura negra era diminuida e oprimida. Em contrapartida, a cultura européia era enaltecida e aceita como o modelo ideal de nação civilizada. Era de fato proibido sambar. Mas os negros resistiram e mantiveram suas tradições. Começaram a se encontrar nas casas das „tias“ ou „vovós”, matriarcas afro-descendentes que acolhiam as festas de samba. No Rio de Janeiro, o mais célebre desses lugares era a casa de Tia Ciata, a conhecida mãe de santo carioca. Assim como outras manifestações da cultura negra o samba é um ritmo de resistência que sobreviveu as delimitações impostas pelo colonialismo. O „Samba da bênção“ (com música de Baden Powell, 1967) ilustra e exalta a origem negra do samba:

“Porque o samba nasceu lá na Bahia

E se hoje ele é branco na poesia

Se hoje ele é branco na poesia

Ele é negro demais no coração”

Felizmente o preconceito foi vencido e o samba se tornou „de todos“ e „para todos“ Salve o samba e vamos sambar !!

Ficou com vontade dançar? Então é só se juntar a nós no curso de Samba de Gafieira!


Der Samba de Gafieira

Samba no pé, Samba de Gafieira, europäischer Samba … gibt es einen Unterschied?

Samba ist die brasilianische Nationalleidenschaft und eine der Ikonen der Populärkultur in Brasilien. Bahias Samba de Roda wurde 2005 verdientermaßen mit dem von der UNESCO verliehenen Titel immaterielles Kulturerbe der Menschheit ausgezeichnet. Samba stammt ursprünglich aus unserem Land und ist ausschließlich brasilianisch. Er ist von Norden nach Süden zu finden und wie unsere Sprache,Portugiesisch, nimmt er in jedem Teil Brasiliens unterschiedliche Formen an, sowohl beim Singen als auch beim Tanzen, ohne jedoch seine charakteristischen Merkmale zu verlieren, was Vielfalt in dieses nationale Symbol bringt.

Wenn wir über Samba sprechen, denken viele zuerst an Samba als Musik, und wenn wir von Tanz sprechen, denken wir sofort an Karneval und Samba no pé. Es gibt aber auch den ganz besonderen Samba de Gafieira. Der Samba de Gafieira ist ein Musikgenre und ein Tanz. Im Gegensatz zum berühmten Samba no Pé wird der Samba de Gafieira zu zweit getanzt und ist Teil des brasilianischen Gesellschaftstanzstils. Hier in Europa wird Samba in Tanzschulen und Wettbewerben getanzt, hierbei gibt jedoch keine Ähnlichkeit zu Samba de Gafieira aus Brasilien.

Es wird angenommen, dass Samba de Gafieira aus Rhythmen afrikanischen Ursprungs wie Batuque und Lundu hervorgegangen ist. Es wird vermutet, dass der Name „Samba de Gafieira“ auf den Ort verweist, an dem Mitte des 20. Jahrhunderts gewöhnlich nach diesem Rhythmus getanzt wurde. Streichinstrumente (Gitarre und Cavaquinho) und Schlaginstrumente geben dem Samba de Gafieira Leben, der nach dem Zweiten Weltkrieg auch von den amerikanischen Orchestern mit Instrumenten wie Trompeten und Posaunen beeinflusst wurde. Choro trug ebenfalls dazu bei, indem er dem Samba de Gafieira die Klarinette und die Flöte hinzufügte. Der Tanz, der am Anfang verpönt war, entwickelte sich und veränderte sich im Laufe der Zeit. Er wird gegenwärtig als eleganter Tanz angesehen, hat sich aber die Malandragem des Cavelheiro und die Sinnlichkeit der Dame bewahrt, welche wesentliche Merkmale dieses Stils sind. Genau diese Merkmale machen es unmöglich, den Blick von einem Samba de Gafieira tanzendem Paar abzuwenden und selbst die Zuschauer aller Altersgruppen werden angesteckt, Samba tanzen und ein Teil davon sein zu wollen.

Der Ursprung von Samba und Samba de Gafieira

African Batuque, afrikanischer Tanz, der in Bahia in Reihen oder Kreisen mit Klatschen getanzt wurde, gilt als die Wurzel der Samba. 1888, mit der Abschaffung der Sklaverei und der Einrichtung der Republik im Jahr 1889, kam es zu einer großen Abwanderung von Schwarzen, die auf der Suche nach Arbeit und Möglichkeiten von Bahia nach Rio de Janeiro zogen, der Hauptstadt der Republik,. Diese neuen Migranten mit ihrer reichen afrikanischen Basis begannen, die populäre Rio de Janeiro-Kultur zu beeinflussen. Die Neuankömmlinge ließen sich hauptsächlich in den Vierteln von Gamboa und Saúde nieder und begannen, Samba als urbanen Rhythmus zu verbreiten. Samba wurde in den ersten Jahrzehnten des 20. Jahrhunderts in Rio de Janeiro geboren und entwickelt, und der Tanz, der die Verse und Chöre begleitete, wurde geformt. Die bereits zur Stadt gehörenden Genres wie Maxixe, Xote, Polca und Lundu wurden in diesen Tanz integriert. In den 40er und 50er Jahren begann der Samba verstärkt durch amerikanische und lateinamerikanische Rhythmen beeinflusst zu werden. Der Musikstil verbreitete sich im ganzen Land, angeregt durch die nationalistische Politik von Getúlio Vargas in den 1930er Jahren, und so entstand der Samba de Gafieira, der mit Instrumenten amerikanischer Orchester gespielt wurde und sich als perfekter Rhythmus erwies, um zu zweit durch die Ballsäle getanzt zu werden.

Zu Beginn des 20. Jahrhunderts durften die zum größten Teil aus Schwarzen bestehenden unteren Schichten der Rio-Gesellschaft die „weißen Tänze“ nicht besuchen. Die Kreolen und Mestizen, wie sie zu dieser Zeit genannt wurden, hatten keinen Spaß in diesen Umgebungen, die von rassistischen Vorurteilen ausgeschlossen waren, und schufen ihre eigenen Bälle, was zum Auftreten von Gafieiras in Rio de Janeiro führte. Samba de Gafieira wurde von der Gesellschaft nicht akzeptiert, weil es, wie sie sagten, nicht der Moral und den guten Sitten der damaligen Zeit entsprach. Es war (und ist) ein Tanz, der die Sinnlichkeit der Frau und die List des Mannes betonte. Die Sorge um das Image und die gesellschaftliche Stellung veranlasste die Führer der Gafieiras (Tanzfeste), äußerste Starrheit zu üben, so dass die Ordnung und Etikette aufgegriffen und erfüllt wurden, um das Gefühl der Respektabilität und damit die Möglichkeit des Aufstiegs in diese Orte zu bringen. Also wurden die Verhaltensregeln von den Gafieiras eingehalten. Diese berühmten und strengen Regeln wurden vom Komponisten Billy Blanco im Lied „Estatuto da Gafieira“ beschrieben. Die Gafieiras waren damals ein beliebtes Tanzfest, bei dem der Eintritt bezahlt wurde und das von Leuten mit geringer Kaufkraft besucht wurde, die um 1930 das Interesse der wohlhabenderen Klasse zu wecken begannen. Es wird angenommen, dass sich das Szenario erst in den 1930er Jahren zu ändern begann, als Samba, angeregt durch die nationalistische Politik von Getúlio Vargas, zum Symbol der Nationalität wurde. Karnevals- und Sambaschulen wurden gefördert und Samba erreichte das Radio. In den 1940er Jahren erlangte Samba internationale Bekanntheit und wandelte sich von einer minderwertigen und verwerflichen Manifestation in ein Symbol für Missverständnis und Brasilianer. Zwischen den 1940er und 1960er Jahren waren die Gafieira-Salons noch Orte, an denen nur die einkommensschwache Bevölkerung, die hauptsächlich aus Schwarzen bestand, nachts Spaß hatte. In den 60er Jahren begannen alle sozialen Schichten, an Bällen teilzunehmen. Der Tanz wird nun nicht mehr mit Vorurteilen gesehen und gilt als eleganter Rhythmus, der von den Tänzern viel Technik verlangt.

Kolonialismus, Rassismus und Samba

Der Samba. Starker, vibrierender, magnetischer und ein afrikanischer Rhythmus. Wie jede andere afrikanische, schwarze kulturelle Manifestation wurde auch Samba mit Vorurteilen und Disqualifikation behandelt. Und er wurde kriminalisiert. Das gleiche geschah mit Capoeira und Candomblé und mit Samba hätte es nicht anders sein können. In den ersten Jahrzehnten des 20. Jahrhunderts galt Samba als vulgäre, primitive Musik. Batuques wurden mit Ereignissen in Verbindung gebracht, bei denen es zu Kämpfen und Brüchen kam und deren Teilnehmer von der Polizei verfolgt und von den Behörden geduldet wurden. Dies war niemand anderes als die wohlhabende und dominierende Klasse, die versuchte, die Ausdrucksformen der schwarzen Kultur einzudämmen, weil sie befürchteten, dass dies ihre wirtschaftlichen und sozialen Interessen gefährden könnte. So wie die Schwarzen den Weißen unterlegen waren, wurde die Praxis der afrikanischen Traditionen und alles andere, was aus der schwarzen Kultur stammte, gemindert und unterdrückt. Im Gegensatz dazu wurde die europäische Kultur als ideales Modell einer zivilisierten Nation gepriesen und akzeptiert. Samba tanzen war verboten. Aber die Schwarzen widerstanden und hielten ihre Traditionen aufrecht. Sie begannen sich in den Häusern von „Tanten“ oder „Großmüttern“ zu treffen, afrikanischen Matriarchen, die die Samba-Partys veranstalteten. In Rio de Janeiro war der berühmteste dieser Orte das Haus von Tia Ciata, eine die berühmteste mãe de santo* aus Rio. Samba war also wie andere Manifestationen der schwarzen Kultur ein Rhythmus des Widerstands, der die Grenzen des Kolonialismus überlebt hat. Das Lied „Samba da bênção“ (mit Musik von Baden Powell, 1967) illustriert und preist die schwarzen Ursprünge von Samba:

„Weil Samba dort in Bahia geboren wurde

Und auch wenn er heute weiß ist in der Poesie

Wenn er heute weiß ist in der Poesie ist

Er ist im Herzen ganz schwarz. “

Glücklicherweise wurden Vorurteile überwunden und Samba wurde ein Tanz „für alle“ und „von allen“. Nun lass uns Samba tanzen!!

* Priesterin und spirituelle Führerin der Candomblé-Religion.

Hast du Lust zu tanzen? Nehmen Sie einfach am Samba de Gafieira-Kurs teil: